A iniciativa vai contemplar 20 detentos do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, de julho a dezembro deste ano
O projeto de extensão Escola de Gastronomia Social, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), pretende levar o ensino de gastronomia para pessoas privadas de liberdade. A iniciativa vai contemplar 20 detentos do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, de julho a dezembro deste ano.
Segundo o coordenador do Curso de Gastronomia da Unisc e responsável pelo projeto, Everton Simon, a gastronomia social tem se destacado como prática inovadora e transformadora no enfrentamento das desigualdades sociais, promovendo a qualificação profissional, preservando a cultura e facilitando a reintegração de pessoas em situação de vulnerabilidade. “Ao promover a qualificação técnica e a valorização dos saberes e das experiências de pessoas privadas de liberdade, o projeto transcende o ensino convencional, oferecendo aos participantes ferramentas para a construção de um futuro mais digno e inclusivo.”
Dentre os objetivos estão realizar um diagnóstico inicial sobre as práticas culinárias e as condições de trabalho na cozinha do complexo prisional, identificando desafios e necessidades de melhoria. Também promover oficinas pedagógicas teóricas e práticas voltadas ao desenvolvimento de habilidades técnicas e conhecimentos em gastronomia, considerando, nesse processo formativo, os saberes, as experiências e as particularidades culturais da alimentação, adaptadas à disponibilidade de insumos, equipamentos e às necessidades e contextos dos participantes. Serão abordados temas como identidade cultural, boas práticas na produção de alimentos, cozinha criativa, serviço em alimentação e bebidas, entre outros.
A ideia final é realizar uma mostra culinária, com apresentação do caderno de receitas e manual de boas práticas de produção e segurança alimentar. Também será feita a entrega de certificados e roda de partilha sobre o processo formativo. “A integração entre práticas pedagógicas e atividades culinárias proporciona, simultaneamente, a melhoria das refeições servidas e o fortalecimento da autoestima e das competências profissionais dos cozinheiros. Esses avanços não apenas atendem às necessidades imediatas dos internos, mas também e possivelmente podem trazer novas perspectivas em suas trajetórias pós-cárcere, ampliando suas oportunidades de reinserção no mercado de trabalho e na sociedade e principalmente na possibilidade de minimizar a reincidência criminal”, complementa o professor.
Vale lembrar
Desde 2018, o professor já realiza atividades de extensão com a população privada de liberdade em Santa Cruz do Sul. Tais atividades extensionistas decorrem de solicitações do Conselho da Comunidade ao Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), outro projeto de extensão da Universidade. Esse projeto visa minimizar os problemas de insegurança alimentar, melhorar a qualidade da comida produzida e servida, e evitar o desperdício de alimentos, tanto no processo de produção, quanto no de consumo, no presídio de Santa Cruz do Sul.